segunda-feira, 28 de março de 2011

O fracasso da política de Bônus no Estado de São Paulo

Basta entrarmos na escola para ouvirmos as peguntas sobre o bônus: já saiu o índice do Idesp? Já saiu a data do bônus? Quando e quanto vamos receber? Enfim, todo ano é a mesma coisa: professores angustiados e na expectativa de receber um dinheiro extra para sair do sufoco.
Terrível para os professores. 
Agora, já com algum tempo da implantação do bônus os especialistas começam a se pronunciar naquilo que nós, que estamos na rede, já sabíamos: a política de bônus não traz melhorias para a sala de aula.
Essa equação de bônus = melhor qualidade só exite na cabeça daqueles que criaram esse disparate. Não dá para comparar realidades tão díspares dentro do sistema educacional de São Paulo. Precisamos de profissionais motivados e respeitados. Para isso é necessário políticas públicas sérias e eficazes. Um primeiro passo é a valorização do magistério, sem isso, todo o resto é balela.  
Leia trecho do artigo publicado hoje no ig educação.
Mirtes


"Política de bônus fracassou em SP", diz especialista

Professores reclamam dos critérios para a bonificação e das diferenças entre as turmas. Sindicato reivindica reajuste salarial
Marina Morena Costa, iG São Paulo

Apesar dos resultados negativos na última avaliação do desempenho dos estudantes da rede estadual de ensino de São Paulo, o governo pagará até o fim do mês bônus salariais aos educadores e funcionários de 70% das escolas. O Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) aplica provas de Matemática e Língua Portuguesa aos alunos da rede, e em 2010, registrou índices próximos aos de 2008 – e piores do que os de 2009 – no ensino médio e no 9º ano do ensino fundamental.
Nos últimos três anos, apenas o 5º ano tem apresentado melhora, porém tímida (veja quadro abaixo). “No Estado de São Paulo a política de bônus foi um fracasso, a Educação não saiu do lugar. O Saresp e o Idesp patinam e provam que a iniciativa não deu certo”, afirma Romualdo Luiz Portela de Oliveira, professor doutor do Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação, da Faculdade de Educação da USP.

(...)

Os docentes da rede reclamam que os critérios do bônus não estão claros e não dependem apenas do esforço deles. Angela*, professora de português há 33 anos de uma escola estadual da zona sul de São Paulo, afirma não ter recebido a bonificação no ano em que suas turmas tiveram um ótimo desempenho. “É injusto, porque não há como mensurar o crescimento do conhecimento. Cada turma é uma turma. São seres humanos, não máquinas”, afirma.
Oliveira explica que a política de bônus funciona em ambientes nos quais os profissionais se sentem em condições iguais. A política estimula a competição e espera que todos melhorem o desempenho. “Quando o professor acha que o jogo é perdido, a política deixa de ser estimuladora. Uma grande parcela já tentou, não conseguiu o bônus, nem a melhora do desempenho dos alunos e não vai tentar novamente”, avalia o especialista em educação.
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Remuneração

“O bônus desorganiza a vida do professor. Ele não sabe se vai ganhar, nem quanto”, destaca Maria Izabel Noronha, presidenta do sindicato dos professores do Estado de São Paulo (Apeoesp). Para Maria Izabel, a política amplia as disparidades entre as escolas, pois favorece quem obtêm os melhores resultados em detrimento das escolas que enfrentam dificuldades.
Segundo levantamento da Seção do Dieese na Apeoesp, os R$ 4,7 bilhões pagos em bônus nos últimos dez anos poderiam ter sido gastos em reajustes salariais de 6% a cada ano. O sindicato defende que o bônus seja substituído por reajustes salariais, o que implicaria em aumento nas aposentadorias, férias e 13º salário.
A Secretaria de Educação de São Paulo não quis se pronunciar sobre o assunto. A pasta irá comentar o bônus somente após a divulgação dos resultados por escola, que deve ser feita até o dia 31 de março.
* O nome foi trocado a pedido da entrevistada que não quis se identificar.

Veja o artigo na íntegra. Clique aqui.

Fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao

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